3 de dezembro de 2025.
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No dia 18 de novembro de 2025, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), ocorreu o evento “Juventudes pelo clima: comunicação popular e justiça climática nas periferias”, parte do estudo de caso “Que clima é esse? Juventudes pela justiça climática”. A atividade foi fomentada pelo Edital de Apoio a Eventos Discentes do Instituto de Estudos Avançados em Humanidades (IEAHu).
Essa iniciativa interdisciplinar, voltada para estudantes de graduação e pós-graduação, comunicadores de coletivos periféricos e ativistas sociais, buscou promover um diálogo entre conhecimento acadêmico e práticas de mobilização territorial, a partir de uma sessão temática e rodas de conversa.
A sessão temática reuniu três convidadas com ampla atuação em justiça climática, territórios e juventudes. Juliana Baptista, cientista social e mestre pela UNIRIO, concentrou sua exposição na temática dos territórios, da inovação social e das juventudes periféricas diante da crise climática. Iniciou apresentando sua trajetória como cientista social, pesquisadora e articuladora entre organizações comunitárias, universidades e o poder público. Destacou que as periferias funcionam como laboratórios vivos de inovação social e ambiental e, para ilustrar essa perspectiva, apresentou a iniciativa da Agenda Realengo 2030, assim como o processo de construção do Parque Realengo e seu impacto para a comunidade local. Ressaltou, ainda, o protagonismo das juventudes na elaboração dessas soluções, enfatizando a importância da governança colaborativa, da escuta ativa e da presença efetiva de jovens nos espaços de decisão relacionados ao clima e ao território.
Em seguida, Marianna Albergaria, bióloga e especialista em projetos socioambientais, estruturou sua fala a partir do eixo da gestão socioambiental, dos territórios e da justiça climática. Após apresentar sua trajetória profissional e acadêmica, trouxe o debate sobre a gestão de resíduos e a transição energética justa. No decorrer de todo debate pontuou as desigualdades geopolíticas, ressaltando o domínio dos países ricos na pauta ambiental e a crescente corrida por terras raras. Destacou ainda a mercantilização da crise climática por meio de “ações verdes” e mecanismos de financiamento, enfatizando a importância de refletir sobre racismo ambiental e zonas de sacrifício. Como exemplos de iniciativas, Marianna indicou redes relevantes como Rede Transforma e ReCRIA.
Encerrando a mesa, a professora Irene Rizzini, do Departamento de Serviço Social da PUC-Rio, dedicou sua fala à relação entre as juventudes e a mudança climática. A professora apresentou o trabalho desenvolvido pelo CIESPI/PUC-Rio, incluindo a pesquisa “Adolescentes, jovens e mudanças climáticas no Brasil” e o estudo de caso “Que Clima é Esse? Juventude pela Justiça Climática”. Ela compartilhou também suas impressões sobre a COP 30 e enfatizou a necessidade de manter a vigilância frente ao negacionismo climático. Reforçou que os desastres são “nada naturais” e destacou a importância da descentralização do conhecimento, lembrando que a garantia dos direitos de crianças e adolescentes, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é relativamente recente e que os espaços de participação seguem em processo de ampliação.
Após a sessão, os participantes se reuniram em grupos para debater os temas apresentados, refletindo sobre os impactos da crise climática em diferentes territórios. Entre os temas debatidos estiveram: os efeitos das mudanças climáticas em áreas rurais; as diferenças de temperatura entre zonas periféricas e a zona sul do Rio de Janeiro, decorrentes da ausência de áreas verdes; questões relacionadas ao racismo ambiental; a influência das religiões e do imaginário social na compreensão da crise climática; além das alterações na percepção das estações do ano, entre outros pontos relevantes.
O evento foi muito exitoso, fortalecendo vínculos e promovendo um espaço de troca, escuta e construção coletiva sobre o papel das juventudes na defesa do meio ambiente e na promoção da justiça climática.