7 de dezembro de 2023.
Dando continuidade a uma série de publicações relacionadas ao projeto Primeira infância participativa e inclusiva: ampliando oportunidades de educação de crianças em contextos de vulnerabilidade, o CIESPI/PUC-Rio apresenta seu Caderno de Pesquisa & Políticas Públicas nº 13.
Intitulado Primeira Infância Participativa e Inclusiva: uma proposta de pesquisa e ação, a publicação reúne os principais destaques das 56 entrevistas realizadas com mães/pais/responsáveis, profissionais de creches/pré-escolas e atores-chave da Rocinha. Eles responderam a perguntas sobre os temas inclusão, participação e segurança, relacionando os assuntos à educação das crianças nas instituições de ensino, em casa e na comunidade. Trinta crianças, com idades entre 3 e 7 anos, também foram consultadas sobre esses temas, a partir de perguntas e metodologias adequadas, utilizando-se ilustrações de livros de literatura infantil, entre outros elementos, para estimulá-las a participar.
No texto, Renata Brasil, Eliane Gomes, Leandro Castro e Irene Rizzini destacam os esforços e a criatividade de mães, pais e responsáveis entrevistados para ampliar as oportunidades, a participação e a segurança de seus filhos. Compreendem, no entanto, que as condições objetivas e subjetivas de cada família podem limitar ou estimular o desenvolvimento e a educação das crianças. Nesse sentido, o suporte do Estado e da sociedade são fundamentais para a proteção integral dos pequenos. As profissionais de creches e pré-escolas entrevistadas reconhecem os desafios da falta de investimento público na educação e segurança das crianças. Compreendem que algumas construções não possuem estrutura adequada para funcionar como creche e pré-escola e que, por isso, necessitam de investimentos e reformas. Os atores-chaves concordam com os demais grupos entrevistados ao relacionar os principais desafios vivenciados pelas crianças de 0 a 5 anos e suas famílias às lacunas existentes nas políticas e serviços públicos, como a falta de vagas na educação infantil, a falta de atendimento especializado na saúde, a oferta de serviços assistenciais pautada quase que exclusivamente por benefícios e programas de transferência de renda e a (in)segurança pública na comunidade. Saneamento básico, coleta de lixo, reformas de praças e outros espaços de lazer e melhorias no transporte público e na rede de energia elétrica são reivindicações históricas da Rocinha.
As crianças aprendem em todos os lugares por onde circulam e, por isso, a comunidade é um lugar a ser transformado para que elas possam se desenvolver de forma segura e com seus direitos protegidos. As escutas e diálogos com as crianças nos permitiram conhecer melhor as várias formas como se expressam e o que é mais importante para elas, que nos contaram sobre seus medos, inseguranças, mas também sobre o que gostam de fazer, como brincar, correr, pular e comer!
De modo geral, compreendemos que os direitos dos moradores da comunidade, incluindo das crianças na Primeira Infância, não serão assegurados sem que haja investimentos robustos do Estado, o que demanda a ampliação e o aprimoramento das políticas e serviços públicos voltados para essa população. Por isso, seguiremos acompanhando e apoiando iniciativas locais em prol dessas mudanças.